A relação entre os homens e os toiros tem raízes que se estendem no tempo e penetram profundamente as sociedades Ibéricas, do Sul de França e da América Latina, para além de afloramentos menos visíveis noutras zonas do mundo. Trata-se de um importante fenómeno com dimensões sociais, culturais, ecológicas, económicas, políticas e morais que importa compreender, tanto mais quanto se cruza com diversas problemáticas com que se defrontam as sociedades modernas, nomeadamente a das relações entre a cultura e a natureza, a vida e a morte, a democracia cultural e a liberdade.
O conhecimento científico constitui uma ferramenta poderosa para ajudar a esclarecer e compreender as diversas dimensões de uma cultura diversificada e rica em sentidos, e torná-la mais capaz de suportar os processos de decisão que podem beneficiar as comunidades e os agentes nos usos que fazem das suas identidades e dinâmicas culturais para o desenvolvimento económico, social, cultural e ambientalmente sustentável.
A ciência é o espaço da rutura com dogmas e preconceitos. Faz, por isso, todo o sentido que os dois espaços, o da cultura tauromáquica e o da ciência, se encontrem. A tauromaquia como objeto e a ciência como sujeito ativo de compreensão daquela relação. O Congresso Internacional “Homens e Toiros, cultura e desenvolvimento” pretende promover esse encontro.
A colaboração entre uma Universidade Pública (ISCTE-IUL), um Instituto Politécnico (IPSantarém), uma Câmara Municipal (Chamusca) e uma Associação de Aficionados à Festa de Toiros (ATTP) para a organização do Congresso assegura o cruzamento das diferentes perspetivas sob as quais se pretende refletir sobre o fenómeno cultural que elas consubstanciam e as suas relações com o desenvolvimento.
As suas conclusões deverão servir ainda a concretização do projeto “Tauromaquia, Património Cultural de Portugal”, que em 2017 obteve financiamento através do Orçamento Participativo de Portugal.